O cartão

Era uma noite fria de sábado e chovia muito,
enrolada em um canto da cama ela via
as lembranças da noite anterior chegarem como um filme,
todas aquelas horas escolhendo a roupa perfeita,
arrumando cabelo, o melhor batom,
tudo pra ser perfeito, era a sua noite
ela tinha certeza.
E foi, como em um conta de fadas,
mas a vida é feita de vários contos de fadas,
e nem sempre todos os dias acabam com um final feliz,
ela sabia disso, por um instante uma sensação ruim lhe ocorrera,
e um vento frio a fez tremer dos pés a cabeça,
"Não era justo" _ foram às palavras que escaparam da sua boca,
ela lutava contra aqueles pensamentos,
estava tão feliz, encontrara tudo aquilo que sempre procurou,
voltara a sorrir sozinha, a olhar para nada e sentir-se feliz,
tudo ao seu redor traziam boas lembranças,
mas o medo lhe engolia, e se perdesse tudo?
e se tivesse sendo enganada novamente?
se nada daquilo fosse real?
as lágrima brotaram nos seus olhos,
novamente uma brisa fria a fez arrepiar,
estava com tanto medo de perder tudo que sempre quis,
que nem aquela carta escrita a mão e feita com tanto carinho
conseguia lhe acalmar, não era culpa dele, ela sabia,
era culpa dos outros, que insistiam em não lhe deixar acreditar,
confiar, se entregar, amar novamente.
Fechou os olhos, se encolheu toda,
e sem ver, sentiu um calor tomando conta do seu corpo,
abriu os olhos e já era manhã, o sol adentrava seu quarto,
aquecendo-a, ainda atordoada com a noite mal dormida,
levantou-se, foi então que viu,
o mais belo arranjo de rosas junto com um pequeno bilhete,
correu, pegou-o e o leu o mais depressa que pôde,
de caneta preta e em uma letra caprichosamente desenhada
estava escrito assim:

"Para vencer meu medo de lhe perder quero nunca tê-la, e assim poder lhe conquistar todos os dias."

O tempo havia parado naquele instante,
ela não conseguia tirar os olhos daquele pequeno bilhete,
seu coração disparou de uma forma que ela achou que iria explodir,
seu corpo se arrepiou, suas mãos suavam, uma lágrima escorreu de seu rosto,
um sorriso saltou de sua boca,
não conseguia medir o tamanho da sua felicidade,
o medo que antes sentira tinha sumido.
Ele não é igual aos outros,
não que seja perfeito,
ou que sempre vá acertar,
mas só acerta quem tenta,
e ele está ali, tentando.

Igor